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sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Capitulo Dois - “Nothing compares to you”

Meus olhos ardiam, minhas mãos tremiam e meus cabelos grudavam em meu pescoço, eu queria respirar e não conseguia, eu queria gritar e minha garganta não soltava som algum.
- NÃO! – arfei em meio a lágrimas e uma golfada de ar. – NÃO!
Dessa vez a porta não se abriu, ninguém entrou para ver o que tinha acontecido, e eu me senti sozinha. Procurei o interruptor e meus dedos encontraram o vazio.
- Ah, foda-se! – Levantei pelo quarto escuro e procurei abrir a porta que dava para a sacada, era quase manhã, e todas as noites eu tinha o mesmo sonho, o mesmo pesadelo me atormentava há alguns dias, eu não sabia se era um aviso ou se era algum tipo de pegadinha do meu subconsciente. Procurei meu telefone e disquei seu número
- São três horas da manhã Valentina, obrigada por me acordar! – sua voz era pastosa mista de frustração, felicidade e raiva. – O que foi? – eu queria falar e não conseguia – Valentina, fale comigo!
- Eu... Eu... Eu...
- Eu?
- Eu preciso te ver! – minhas costas deslizaram pela parede e eu sentei no chão. – Eu preciso de você!
- O que foi? – Sua voz mudou – O que aconteceu?
- Eu quero você comigo.
- Droga! – ouvi do outro lado da linha algumas coisas caírem pelo chão – Eu já estou indo. – O telefone ficou mudo.
Minha cabeça girava, meu coração continuava acelerado, minha boca estava seca e eu precisava de um cigarro, tentei levantar sem sucesso, respirei fundo e sai engatinhando até a minha bolsa na poltrona, peguei o maço e me joguei de encontro à parede novamente, ainda não tinha conseguido acender o isqueiro quando Melissa entrou pela porta do quarto e ela correu até mim.

*Narrado por Melissa*

Eu não conseguia tirar o pé do acelerador, as luzes se tornavam riscos pelos vidros do carro, alguma coisa na voz de Valentina tinha me deixado preocupada.
Quando estacionei na frente do seu prédio, subi o mais rápido que eu pude.
- Valentina! – foi tudo o que eu consegui dizer, sua expressão era de medo, pavor, seus olhos estavam vermelhos e seu rosto pálido. Ela tremia e eu não ousei tocá-la. Tirei o isqueiro de sua mão e acendi o seu cigarro. Fiquei observando-a até que ela abrisse os olhos novamente.
- Obrigada – disse com um sussurro rouco.
- Então? – fitei seus olhos amarelados – Não vai me dizer por que me acordou às três da manhã? - Seu sorriso foi simples, ela me estendeu as mãos e eu a ajudei a se levantar, suas pernas ainda tremiam e ela se jogou contra meu peito, soltando alguns soluços.
- Não me abandona.
– Shii, eu estou aqui, calma.
- Por favor, não me deixa. – Valentina suplicou entre soluços.
- Antes de tudo, somos amigas. – passei a mão pelos seus olhos, secando algumas lágrimas. – Vem, ainda temos algumas horas para dormir.
- NÃO – gritou. – Não quero dormir.
- Então vem. – puxei-a pela mão até o closet, ela se vestiu. – vamos viver tudo o que há pra viver por hoje.

                                                    ****

Meus olhos refletiam as luzes que nunca se apagavam, a mão de Melissa em minha perna me transmitia certa segurança, aquela segurança que só os amigos nos transmitem.
- Então? – sua voz cortou o silêncio que estava dentro do carro.
-Hã?
- No que tanto essa cabecinha pensa, Valentina?
- Em nada Mel, aonde nós vamos?
- Ainda não sei, mas nessa cidade não é – enquanto pegava a rodovia. – Relaxe.
- Por quê?
- Por que o que? – seus olhos me fitaram através do espelho retrovisor.
- Por que nós somos assim?
- Assim como?
- Tão... Diferentes... – sorri sem saber me expressar direito.
- Diferentes? Rá, essa é boa! Então eu gosto de ser diferente ao seu lado. - Eu não esperava por essa resposta, eu não sabia exatamente o que nós éramos, mas eu também gostava de ser diferente ao lado dela. O silêncio voltou a se estabelecer entre nós, a não ser pelo rádio do carro. - O nosso jogo não tem regra e nem juiz.
Meus lábios formaram um sorriso torto e sincero, e sua mão saiu da minha perna para seus dedos se entrelaçarem aos meus, e seu pé apertou ainda mais o acelerador, e de repente eu estava de volta ao meu sonho, o pânico voltou a tomar conta de mim, ela percebeu e sorriu para mim.
- Eu estou aqui, lembra?

[...]

Eram 05h51 quando chegamos a uma praia qualquer, meus olhos ardiam e as minhas pernas tremiam.
- O nós estamos? – perguntei procurando placas.
- Isso importa? – sua mão segurou a minha e seus lábios tocaram os meus rapidamente
- Não, não importa. – eu puxei-a para mim e a beijei. Era incrível como sua boca se encaixava perfeitamente a minha, e ela nunca exigia demais de mim. – Mas, o que exatamente viemos fazer aqui?
- Ver o sol nascer, oras. – Melissa fez uma cara de indignação. – Ou você acha que viemos nadar as 06h00 da manhã?
- Ótimo! Vamos nadar nuas! – suas mãos seguraram a minha cintura antes que eu pudesse correr até a beira-mar. – Estraga prazeres.
Ela se sentou e me colocou entre as pernas dela, apoiando seu queixo no meu ombro e abraçou minha cintura. Talvez fosse com ela que eu quisesse passar o resto dos meus dias. Talvez fosse ela a minha sina, o meu destino, o meu final.
Melissa beijou minha bochecha e sorriu talvez ela soubesse o que eu pensava, eu sorri de volta selando seus lábios.

breve terá o terceiro.

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