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domingo, 26 de dezembro de 2010

os últimos capítulos de uma historia

Capitulo Sete
“You’re still my obsession”

Eu nunca tinha deixado Valentina me ver chorar, eu nunca tinha deixado perceber que ela era meu ponto fraco, talvez ela soubesse, talvez não.
E quando eu estava disposta a mudar, a contar e a assumir todos os erros dela para mim, vem o que chamamos de “destino” e muda todos os nossos planos, nossas idéias, nossos ideais, nossas vidas, tinha sido assim com todo mundo, por que comigo iria ser diferente?
Eu procurei toda força restante em mim e gritei seu nome pela segunda vez, não obtive resposta.
- VALENTINA FALA COMIGO! – eu não conseguia me mover nem respirar.
Fechei os olhos em meio à escuridão e vi seu rosto novamente, todas as suas palavras voltaram a ecoar pelos meus ouvidos, todos os momentos de fraqueza se fizeram mais forte, e eu pedi, pedi para morrer.
[...]

Eu pensei ter ouvido sua voz, meus olhos estavam pesados e eu não tive coragem para abri-los, cada centímetro do meu corpo doía cada pedaço de mim sentia culpa. Deixei que todos os sentidos me deixassem novamente e eu voltei a cair num abismo profundo e sem volta.

[...]

Valentina! Por Deus! Ela onde ela estava? Não! Ela estava bem. Nada tinha acontecido com ela.
Aos poucos todos os meus sentidos foram voltando e eu fui percebendo onde eu estava, e onde eu me encontrava, não tinha nenhum sinal dela.
Eu tentei sair dali, eu tentei me mexer, só piorei as coisas, eu não conseguia conter minhas lágrimas, agora eu sabia como ela tinha se sentido durante todos esses anos: culpada.

[...]

- VALENTINA – foi tudo o que eu consegui gritar com aquele tubo pela minha garganta, e não ela não estava ali, ela não apareceu, não murmurou e não praguejou, eu estava sozinha ali. Por que eu não fui no lugar dela? Por que ela? Ela agüentaria bem sem mim. – Valen... Tina – eu já não tinha forças para dizer o nome dela e nem segurar minhas lágrimas.

Capitulo Oito
 “And nothing else matters”

Eu precisava desesperadamente de um abraço, de sentir seus cabelos sobre mim, eu não tinha idéia de quanto tempo eu já estava naquele quarto de hospital, eu não tinha idéia de como tinha chego lá, eu não tinha idéia de como eu estava, nem onde estava Valentina.

O vento balançava meu cabelo, deixando meu rosto escondido em meio às pessoas e isso evitava que elas me vissem chorando. Eu sentia todo peso do mundo em mundo em minhas costas, agora eu sabia exatamente como ela havia se sentido durante todos esses anos.
O silêncio me consumia aos poucos e nada mais voltaria a ser como era antes. E o pior de todos os silêncios era o que ela vivia, silencio que mata por dentro, corrói e por fim; destrói.

Talvez não fosse o nosso ‘destino’ permanecer junto ou vem o ‘destino’ e mudou tudo.

Meus olhos estavam vazios e opacos, há dias eu não sabia o que era sorrir e as luzes do quarto sempre ficavam acesas durante a noite.
Seu apartamento agora era meu esconderijo, suas roupas eram minhas drogas, seu travesseiro era meu mundo, eu poderia passar horas e horas deitada sobre ele, usando suas camisetas velhas e agarrada com seu urso de pelúcia.
Seu rosto se tornava cada vez mais escuro, cada dia mais se tornava uma alucinação silenciosa e mortal para mim.

Capitulo nove
“And after all”

Mesmo que eu pudesse mudar toda a minha vida, sempre irá existir o choro preso na garganta, o riso contido e a sensação de que nada é a mesma coisa.
Meus olhos estão secos, e eu não sei se conseguirei voltar a chorar um dia, eu ainda não tenho coragem para olhar fotos ou ouvir músicas que certamente me farão lembrar ela.
Minha garganta queima agora e eu ainda não consigo pedir perdão por não ter sido quem ela quis que eu fosse.
Cada canto dessa casa tem um pedaço dela, um pedaço nosso.
Eu ainda posso sentir a mesa da cozinha balançando e seus suspiros pelo quarto, minhas roupas ainda estão no armário dela, e as dela ainda estão no meu.  O som do seu riso é o que me salva durante a noite e eu tenho ouvido todos os dias a sua ultima mensagem na minha caixa postal.
Nossas fotos estão dentro de caixas, nossas vidas estão sendo embaladas e trancadas, talvez se eu continuar aqui, eu nunca consiga me libertar, afinal, ela ficaria muito melhor sem mim, e eu sou completamente dependente dela.
Eu tenho rezado, sim, eu aprendi a rezar implorando pra que alguém me tire desse mundo.
Ontem eu criei coragem, levei flores e passei um tempo lá, era como se o tempo passasse arrastado, e ela estivesse ali, sua presença era forte, hoje se tornou apenas uma vibração curta.
Ainda tem o seu perfume pela casa, eu espero abrir a porta e te encontrar com aquela camisa com a manga dobrada e mal abotoada, cheirando a tinta e café, cantarolando aquelas músicas tão velhas e pintando seus quadros.
Eu ainda espero te encontrar saindo do banho enrolada na toalha preta e enchendo a casa com o seu perfume, espero te encontrar quando eu chegar de madrugada e você não perguntar onde eu estive, mas me abraçar perguntando se eu estou bem.
Espero te ouvir brigar comigo pelos meus cabelos bagunçados e despenteados, ou pela minha falta de responsabilidade com certas coisas.
Seu rosto têm se tornado cada vez mais um borrão escuro e difuso, eu não quero ter que esquecer o seu rosto
Enfim, eu peço perdão Valentina, eu te peço perdão, por não ter coragem, por não saber viver sem você.
E se alguém estiver lendo isso hoje, talvez já seja tarde, muito tarde.
Eu te amo garota, sempre te amei, e nunca demonstrei isso a você.
“aonde quer que eu vá, levo você, no olhar. ”


Não direi adeus, direi até breve.
Melissa Fiorucci

3 comentários:

  1. Por que não fazer aquilo que te dar na telha?
    O medo ou tálves a vergonha, é mais suportavél que o arrependimento!

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  2. o arrependimento acontecerá quase sempre, pois quase sempre não estamos satisfeitos

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  3. Acho que vou está satisfeito só uma vez na vida,
    mais não tenho a certeza de que irei sentir
    esse sentimento!

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