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sábado, 25 de dezembro de 2010

Capitulo seis “We are always alone"



- Por mais que você diga que tem amigos, quando você para pra ver, realmente está sozinha no mundo – disse entre um gole de cerveja e um suspiro
- Pode ser que estejamos sozinhas, mas saiba que pode contar sempre comigo - estendi minha mão para ela, e ela segurou com força
- Obrigada – e um sorriso esboçou no seu lábio.
- Então, aonde vamos? – perguntei, procurando as chaves do carro na bolsa.
- Qualquer lugar serve.
- Então eu sei onde te levar – dei o ultimo gole, joguei algumas notas em cima da mesa – Vamos?
- Por Deus Valentina! São duas da manhã – ela protestou e se deixou levar.
- Oras você mesma disse que qualquer lugar servia, então que se danem as horas, seremos eu e você esta noite. – ela entrelaçou seus dedos nos meus no caminho até o carro.
- Espera - Antes que eu pudesse entrar no carro ela me prensou de encontro à porta parando sua boca centímetros antes da minha. – Se eu não fizer isso agora, posso me arrepender para o resto da vida.
- Isso o q... – não consegui terminar a frase, sua boca colou sobre a minha e sua língua buscava a minha.
- Por onde quer que você vá, leva contigo o meu amor e o quanto eu te amo. – Melissa traçou a linha do meu maxilar com o polegar e eu sequei a lágrima que caia preguiçosamente sobre sua bochecha. – promete que vai levar?
- prometo, só se você me prometer que vai me proteger sempre.
- Eu daria minha vida por isso. – seus lábios roçaram nos nós dos meus dedos
- É! Eu sei – não pude deixar de sorrir, meu primeiro sorriso sincero do dia, e ela sabia disso.
- Vamos entrar no carro e apenas dirigir – Disse abrindo a porta para ela.

[...]

No meio da estrada vazia e escura, eu não me sentia tão sozinha com ela ao meu lado, o silencio era quebrado apenas pela canção no rádio, eu podia ver seus olhos através do retrovisor, eles tinham certo ar sombrio, ela percebeu que eu olhava para ela e sorriu.
- So stand in the rain
  Stand your ground
  Stand up when it’s all crashing down – Melissa cantou junto com a música e seus dedos tocaram os meus sobre o câmbio do carro e eu não pude deixar de sorrir para ela.
- Amanhã poderíamos ver o por do sol – perguntei entrelaçando meus dedos nos dela e acariciando a palma de sua mão com o polegar.
- É... Poderíamos. – Seu olhar foi se tornando vago e ela encostou a cabeça no vidro. Tinha começado a chover. – Nossa praia acabou de morrer.
- Podemos ver o sol nascer de dentro do carro Mê. – ela sorriu para mim e intensificou o aperto nos meus dedos.

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Em meio à rodovia vazia, eu ia me distraindo entre as estações do rádio, mesmo depois de todos esses anos, o sentimento de culpa ainda me persegue, pessoas sabem ser cruéis. O refrão da nossa música começou a tocar, e uma luz forte se aproxima.
E então os pingos frios da chuva se confundiram com a primeira lágrima em meu rosto, que logo se converteu em outras lágrimas que pareciam não acabar mais.
Tentei me levantar, mas a força da gravidade foi mais forte que a minha e eu voltei a cair no chão frio, o gosto de metal voltou a invadir minha boca, meus dedos procuraram o vazio e eu então pude sentir que eu estava viva, que eu estava tendo a minha segunda chance.
Em meio à escuridão eu pude sentir meus olhos brilharem novamente, eu queria gritar.
Eu senti o ar faltar nos meus pulmões quando tentei me levantar novamente, em meio aos destroços do carro eu continuava vendo a minha vida toda passar como um filme, eu continuava a não ter forças para sair do chão e pela primeira vez na vida eu rezei para alguém aparecer ou eu morrer de vez.
Reuni toda força que consegui e consegui gritar seu nome pela escuridão.

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